mulheres atigidas por barragens no ES


Nesta quarta-feira (08), Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, as atingidas por barragens no Espírito Santo estiveram juntas à tantas outras companheiras na luta marcada pelo lema “Pela vida das mulheres, por direitos, derrotar os fascistas”. Nesse momento, as ruas do centro de Vitória ecoaram as vozes das mulheres por uma sociedade justa e contra todos os tipos de violências. 

Dentro de uma programação com  ações simbólicas e protestos, as mulheres atingidas prestaram homenagem em memória às vítimas do atentado no município de Aracruz, em novembro de 2022, em especial à educadora popular, e também atingida Flávia Merçon Leonardo, um momento também de denúncia da violência contra a vida das mulheres e por pedido de justiça em relação ao crime. O ato, realizado no centro da capital, Vitória, durou toda a tarde e contou com a participação de diversos movimentos, expressões e organizações feministas e populares. A Assessoria Técnica Independente (ATI) da Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (Adai) esteve presente  a convite e em apoio às mulheres atingidas.

Para a atingida Alexandra que é de Colatina “a volta às ruas no 08 de março representa a luta por melhor qualidade de vida em todos os sentidos” Ela ainda destacou que a importância de políticas públicas para os cuidados com a saúde mental, saúde física e das famílias atingidas. Finalizando sua fala, Alexandra, que também é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB colocou a importância da contra o armamento e por uma sociedade justa.

Marcia Maria, que também é atingida, mas do território de Colatina, disse: “Esse dia 8 de março simbolicamente é dia para denunciar nas ruas as violências que as mulheres vêm sofrendo em nosso Brasil. Mas é também dia de referenciar nosso papel na organização da sociedade”. Ela reforça que o eixo central das lutas das mulheres é a luta contra as violências e memorou Flávia, que foi assassinada pelas mãos do fascismo. “A violência é física, é mental, mas é também a omissão do poder público diante da não implementação de políticas que preservem e cuidem das vidas das mulheres em todos os sentidos. Pois quando não se preconiza o atendimento necessário se violam  direitos de saúde, ambiental e econômico, no caso do crime da Samarco ela violou todos esses direitos. Fica aqui o recado para o poder público que olhem para as vidas e saúdes das mulheres  atingidas que estão triplas vezes mais afetadas que a vida dos homens”. Afirmou.

Para fechar o bloco de entrevistas, a atingida Regiane Alves, de Baixo Guandú, disse que “Estar nas ruas no 8 de março é um momento de grande importância, pois não estamos aqui para comemorar, mas sim para denunciar os crimes das empresas de mineração e barragens. Já são 7 anos de violação dos nossos direitos enquanto mulheres atingidas em nossa diversidade de agricultoras, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras e outras mais”, risou. Regiane também denunciou em sua fala as demais formas de violências que as mulheres atingidas e todas as mulheres da sociedade estão sofrendo e finalizou pedindo justiça por Flávia e todas as mulheres vítimas de feminicídio.

As atingidas continuam em luta para que outras ‘Flávias` não sejam vítimas do fascismo, do machismo, do  patriarcado e da desigualdade social, deixando o legado de Flávia como semente. Seu exemplo de luta e de fé na educação já estão florindo nos nossos dias e vão florir no amanhã.

Indicamos para as pessoas que tiverem interesse em leituras do eixo mulheres e atingidas, acessar o site da Aedas, onde podem encontrar o relatório que trata dos danos sofridos pelas pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG): Dossiês Temáticos das Mulheres: capítulo 2 reúne danos por áreas temáticas”. 

A Adai

A Adai é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1993 com atuação no território nacional, que iniciou seus trabalhos na Região Sul do Brasil. Tem como missão representar e garantir a defesa dos direitos dos atingidos por barragens, através da assistência social e da prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) a seus associados que são, em sua maioria, famílias ribeirinhas  ou reassentadas. Possui uma equipe técnica composta por diversos profissionais de diferentes áreas das ciências humanas e agrárias, nos níveis médio, técnico e superior, que buscam promover a educação, através da capacitação e estimulando trabalhos que suscitem organização, participação e solidariedade, bem como promover o desenvolvimento social e econômico combatendo a pobreza por meio de ações associativas e de cooperação.

 

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