Ciranda: um espaço de reconhecimento e identidade de vidas atingidas
Os espaços da assessoria técnica dos atingidos e atingidas no Espírito Santo possuem a presença de crianças e jovens, que precisam ser escutados e acolhidos no processo de luta pela reparação. Esses momentos demandam a aplicação da ciranda.
Verilucy Brito, Pedagoga da Equipe de Supervisão Pedagógica da Infância e Juventude da Assessoria Técnica dos Atingidos e Atingidas do Espírito Santo, destaca a origem e importância do movimento: “A ciranda vem dos movimentos sociais, por conta da necessidade das mulheres e responsáveis por crianças participarem dos espaços de encontro, além de ser um espaço de segurança para as crianças, onde elas também têm acesso à formação política”, afirma.
Para as populações atingidas pelo desastre do rompimento da barragem de Mariana – MG em 2015, o projeto contribui com esse público do processo. “A ciranda tem papel de fazer a criança e jovem se reconhecerem como pessoa atingida, para que elas entendam também o que foi o desastre, o que a lama modificou na vida dela e que essa identidade de atingida, seja uma identidade de luta”, completa Verilucy.
Espaços de formação na assessoria técnica dos atingidos e atingidas
O que é ser jovem, o que é a infância, o que é a juventude? Durante o mês de maio de 2023, foram realizados processos formativos sobre ciranda com parte da equipe da assessoria técnica da Adai no Espírito Santo.
Jussara Trierveiler, Pedagoga da Equipe de Supervisão Pedagógica da Infância e Juventude da Assessoria Técnica dos Atingidos e Atingidas do Espírito Santo, detalha o espaço: “Essa demanda sobre infância e juventude já estava no plano de trabalho, e agora se torna mais importante por conta da criação dos Grupos de Atingidos e Atingidas (GAAs). As crianças e as juventudes estão vindo para as reuniões e a gente tem que trabalhar também com elas. O que podemos fazer com elas para que se reconheçam também como atingidos e atingidas?”, conta.
A assessoria constrói o espaço da ciranda para as crianças, mas esse trabalho também envolve toda a comunidade. É importante que elas tenham um espaço em que possam dialogar, construir, e debater sobre assuntos que os adultos estão debatendo na plenária, de uma forma mais lúdica e didática.
Jussara fala sobre os próximos passos do processo: “Nós estamos fazendo essas formações para que os mobilizadores e os gestores consigam levar esse debate pra comunidade, e chamar para que ela venha participar disso. Nesse primeiro momento, o objetivo da formação é trabalhar sobre a ciranda, como ter cirandas dentro dos GAAs, dos seminários temáticos e rodas de diálogo. Depois a gente vai construir formações maiores, mais teóricas”, finaliza.
A ciranda é um instrumento e um direito das crianças e jovens. Garantir o reconhecimento e escutar suas demandas e percepções é lutar por uma reparação integral e justa.
Produção: Coletivo de Comunicação, ATI da Adai no Espírito Santo
Colaboração: Equipe de Supervisão Pedagógica da Infância e Juventude, ATI da Adai no Espírito Santo