Durante a primeira semana deste ano, as mídias sociais e o noticiário repercutiram o caso de perseguição ao Padre Júlio Lancellotti, de 75 anos, que coordena a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, e há 40 anos dedica sua vida ao amparo às pessoas em situação de rua da capital paulista, distribuindo alimentos, roupas e itens de higiene pessoal. Em 2023, o Governo Federal regulamentou uma lei que leva seu nome, a Lei Padre Júlio Lancelotti, que proíbe a arquitetura hostil, prática de colocar obstáculos e objetos perfurantes em espaços públicos para impedir o abrigo de pessoas em situação de rua.  

No dia 06 de dezembro de 2023, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) protocolou um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar Organizações Não-Governamentais (ONGs) que fazem trabalho social, com a justificativa de “investigar as ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”. Assinado por 23 dos 55 vereadores do município de São Paulo, a CPI tem objetivo de acabar com os trabalhos solidários que tem por frente de organização o Padre Júlio. A proposta ainda usa dinheiro do orçamento público para perseguição a quem conduz um trabalho que deveria ser feito pelo poder público. O povo tem feito o que o município se nega a fazer.  

Enquanto assessoria em defesa do povo, a Adai presta solidariedade ao Padre Júlio e toda a comunidade que faz a solidariedade acontecer, ao mesmo tempo em que demonstra repúdio à essa CPI que representa um desrespeito ao trabalho social e humano desenvolvido por Júlio e sua equipe. A medida é um dos muitos reflexos do ódio e da intolerância da extrema direita ao povo pobre e oprimido. Uma missão libertária contra as injustiças e em prol dos direitos humanos com destaque para as ações em defesa da população em situação de rua na cidade de São Paulo.   

Como dizia Dom Pedro Casaldáliga “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão”. No embalo dessa mensagem somamos ao coro mundial em defesa do Padre Júlio que representa a continuidade da teologia da libertação em defesa da vida do povo em primeiro lugar. 

Seguimos em luta!