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Aconteceram os Dias de campo entre agricultores beneficiados pelo projeto “Uso de Tecnologias Sociais para Redução do Desmatamento” no município de Trairão, no Pará. Nas atividades foi discutido o tema da produção de alimentos orgânicos e em seguida a instalação do sistema de irrigação do kit PAIS.

Os dias de campo foram realizados em diferentes comunidades do município, iniciando pela Vicinal da Batata, passando pela comunidade Santa Luzia II, Lírio dos Vales e encerrando na comunidade de Pimental.

O projeto é uma conquista das famílias atingidas por barragens e é executado pela Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (ADAI) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através do contrato de concessão de colaboração financeira não reembolsável nº 17.2.0254.1 Essa conquista está sendo aplicado nos estados de MT, PA, TO, e RO. No Pará, as famílias beneficiadas estão nas regiões dos rios Tocantins – Araguaia, Xingu e Tapajós.

Para as famílias o projeto é um incentivo, um início ou complemento na agricultura familiar, tendo em vista o pouco investimento na produção orgânica agroecológica.

“Primeiro eu quero agradecer à ADAI pela iniciativa de trazer esse projeto para nossa região, ao BNDES  e  o Fundo Amazônia por ter nos apoiado. Minha expectativa como agricultora é a de continuar nosso projeto agroecológico nossa região. A ideia é incentivar que nossos agricultores distribuam na merenda escolar, nos nossos supermercados, tudo orgânico e sem nada de agrotóxicos. Então a minha expectativa é essa: fortalecer a nossa agricultura, os nossos agricultores, e espero que esse projeto venha me fortalecer, não só eu, mais meus filhos e minha nora que vai me ajudar, estou muito feliz por ter sido contemplada, agradeço a Deus e à ADAI”.

Francisca Barroso – Comunidade Lírio dos Vales – Trairão – Pará.

Há grandes desafios ainda a serem travados, como garantir as estradas acessíveis para melhor escoamento da produção, garantir espaços que proporcionem a comercialização garantida dos produtos produzidos por essas famílias. Para os trabalhadores e trabalhadoras uma das maiores dificuldades é a falta de transporte, falta de investimento para melhoria das estradas das vicinais e travessões, e também a falta de um incentivo maior nesse tipo de produção de alimentos saudáveis sem uso de agrotóxicos e a falta de investimentos na geração de energia limpa e renovável.

“O que nos falta é mais incentivo, nós temos força de vontade para trabalhar, ,mas não é fácil. Porém,  não é impossível. Nós não vamos desistir da agricultura familiar, dos encontros de agricultores, dos encontros de mulheres e de todos aqueles que querem transformar a nossa realidade em uma vida mais saudável e sem uso de agrotóxicos.”

Elisangela – Vicinal da Batata.

Na grande maioria dessas comunidades já existe energia nas propriedades ou próximo delas, porém a tarifa cobrada nas contas de luz desanima às famílias a fazerem investimentos na produção da agricultura familiar. No Pará, por exemplo, estão duas das maiores hidrelétricas do Brasil e ainda assim os paraenses pagam taxas abusivas sobre o uso da energia elétrica, o que causa um grande impacto na base econômica familiar. Por isso é importante investir em sistemas como o PAIS, movido a energia solar.

“Ao invés de vir barragens deveriam vir mais projetos como esse, isso sim gera renda para as famílias, oferece alimentos saudáveis e incentiva as pessoas a acreditar que ainda é possível comer sem veneno. Eu acreditei no projeto e estou sendo contemplada pelo resultado de uma luta muito longa que é a luta dos atingidos por barragens. Graças a Deus e a nossa luta é que hoje estamos tendo uma chance de pensar em algo que não seja a barragem, pois só as pesquisas da barragem aqui já nos trouxeram muitos problemas e nada de solução. Esse projeto é diferente e mostra que com um pouco mais de incentivo podemos produzir e se alimentar bem sem precisar de barragens e nem usar agrotóxicos”.

Dona Josefa da comunidade de Pimental.

 

Veja fotos das atividades: