IMG_4890 (1)_slider


Nos dias 19, 20 e 21 de junho de 2019 a Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual – ADAI, através do projeto “Uso de Tecnologias Sociais para a Redução do Desmatamento” financiado pelo Fundo Amazônia, realizou três dias de campo entre os municípios de Rurópolis, Trairão e Itaituba, que contaram com a participação de 133 pessoas, sendo 66 mulheres e 67 homens entre crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Estudantes de Agroecologia, o professor Isaías e as famílias beneficiárias no processo de construção da pilha de compostagem na comunidade Menino Jesus.  

Os dias de campo foram realizados no km 75 da BR 230 Transamazônica e da BR 163 Cuibá-Santarém, nas comunidades São Raimundo Nonato e Menino Jesus, e contaram com a importante participação e contribuição das turmas 2018 e 2019 de Agroecologia do Instituto Federal do Pará – Campus Itaituba, STTR do município do Trairão, Sub prefeita do Distrito de Campo Verde, vereador José Odair do município do Trairão, lideranças comunitárias, escola de ensino fundamental Maria Almeida Silva da comunidade de São Raimundo Nonato, familias beneficiarias do projeto, técnicos do projeto e lideranças de famílias atingidas por barragens.

As familias discutiram a importância e desafios que tem a agroecologia na Amazônia e no mundo, a necessidade de se organizarem na produção de produtos orgânicos aproveitando os resíduos que a própria terra e a natureza oferece para produção de alimentos saudáveis, descartando o uso de agrotóxicos, respeitando a floresta e a vida humana com uso de tecnologias sociais sustentáveis.

Na Amazônia, a ausência do estado brasileiro com relação a investimentos em políticas públicas para desenvolver a vida das pessoas é visível e alarmante, não existe um plano de desenvolvimento que contemple a necessidade desses povos, existe uma extensa base natural vantajosa de riqueza sendo explorada que não condiz com a realidade que povo da Amazônia vive nos dias atuais. O Pará, por exemplo, é um dos estados que compõem a Amazônia que mais produz energia elétrica no país através das hidrelétricas de Tucurui e Belo Monte, porém é o estado que paga a maior tarifa de energia do Brasil.

Como alternativa atingidos e atingidas por barragens de todo Brasil vem travando há décadas uma forte luta pela garantia de direitos daqueles que perderam suas terras, que não foram indenizados, que são ameaçados por grandes obras e mensalmente sofrem com os preços abusivos da conta de luz.

Dia de campo no km 75 da Transamazônica, na propriedade casal Darci Gasparino e Celia Maria.

Darci Gasparino, beneficiário do Projeto em Rurópolis, disse: “Eu estou muito, muito feliz com o projeto, em uma fase da minha vida eu queria largar tudo, largar a terra e deixar tudo pra trás, mais graças a luta dos atingidos o projeto veio na hora certa, é um projeto impressionante, tem alguns limites, mais se resolve, no caso do meu projeto eu modifiquei o sistema de irrigação, que, ao invés de instalar no chão e fiz ele aéreo como forma de aperfeiçoamento do sistema de irrigação, também com todas as limitações fiz investimento em mais duas baterias para aumentar meu banco de armazenamento de energia com o objetivo de garantir um pouco mais de energia para minha casa.”

Sua esposa, Célia, agradece: “Eu agradeço a presença de todos e todas, agradeço pela oportunidade que estão dando pra nós, nós temos a terra mais não temos o incentivo de produzir um produto de qualidade sem uso de veneno, agora vamos experimentar desse projeto e com muita fé nós vamos vencer juntos nessa luta, aqui nós já batalhamos muito, não deu certo, mais nós não vamos desistir, a horta é um incentivo e vamos a trabalhar para produzir. 

Estudantes de Agroecologia do IFPA fazendo teste de respiração de solo na propriedade do casal Maguila e Irmã, na comunidade São Raimundo Nonato. 

Nos dias de campo teve troca de saberes entre equipe técnica, turmas de agroecologia do IFPA e os agricultores e agricultoras no sentido de melhorar o desenvolvimento da produção: teste de respiração de solo, compactação de solo, declividade de solo, curva de nível, compostagem, produção de calda bordalesa e o debate geral sobre a importância da agroecologia.

 

Leia mais depoimentos de participantes dos dias de campo:

Eu nunca esperava receber um projeto assim, sou agradecido a luta dos atingidos, eu fui um dos que não acreditava no projeto, mais agora eu tô vendo que acontece, mais é preciso muita luta para chegar até a gente, quando recebi o kit já foi uma conquista, eu até disse que se eu recebesse só aquela caixa d’água já estava de bom tamanho, ai veio a caixa, placa solar e todos os materiais para fazer a irrigação, no começo do projeto era só três canteiros iniciais, hoje eu já tenho quase oito canteiros e quase todos já com plantação, então o projeto tá me ajudou muito e me dedico todos os dias para ter um bom resultado.”

Antonio José (Maguila) – beneficiário do projeto na comunidade São Raimundo Nonato – Ruropolis junho de 2019.

 

Eu me sinto muito agradecida pela oportunidade que tão dando pra nós, pois a gente trabalha, trabalha e não ver resultado, o projeto vai ajudar muito na renda familiar e diminuir custo de energia que é muito caro, também facilita na forma de trabalhar, tem menos dificuldade e tem acompanhamento técnico, esse dia de campo é bastante produtivo, anima a gente, a gente conhece outras pessoas e troca experiências, eu nunca pensei que ia receber um grupo desse órgão na minha casa – o grupo do IFPA e muita gente, a escola da comunidade que também participou, esse projeto tem tudo pra dar certo.”

Francisca Santos de Araújo (Irmã) – beneficiário do projeto na comunidade São Raimundo Nonato – Ruropolis junho de 2019.

 

Foi de grande aproveito, a experiência com o produtor tem suas vantagens, traz um aprendizado mais amplo, além de ser incrível ver tudo o que foi estudado na sala de aula em prática. O produtor estar acostumado a trabalhar de forma cultural, repetindo as práticas que seus antecessores faziam. O técnico por sua vez, acaba somando os conhecimentos que ele possui, com os conhecimentos dos produtores. Isso traz um rendimento maior para a produção, pois a troca de conhecimento é fantástica.”

Luane – Estudante de agroecologia do IFPA – Campos Itaituba.