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Na manhã desta terça-feira, dia 10, atingidos e atingidas de Minas Gerais e do Espírito Santo, vindos de comunidades localizadas na Bacia do Rio Doce e litoral norte capixaba, saíram em marcha pelas ruas do centro de Vitória para cobrar justiça pelos quase 8 anos de descaso diante dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em MG.   

Organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o evento teve concentração no Centro Sindical dos Bancários e reuniu aproximadamente 600 pessoas que seguiram em marcha até o Palácio Anchieta, sede do Governo do ES. O ato segue agenda de lutas que começou em Governador Valadares, passou por Belo Horizonte, ambos em Minas Gerais, chega agora à capital do Espírito Santo e seguirá até Brasília, onde o povo atingido pretende entregar sua pauta diretamente para o presidente Lula.  

Para Apoena (Marilda Lira de Oliveira) indígena da aldeia Boa Esperança, em Coqueiral de Aracruz, no município de Aracruz, marchar nas ruas é reivindicar o direito de seu povo à terra. “Depois da lama nada que plantamos nasce e o que nasce não cresce, não podemos plantar a terra com nossas sementes. Nós somos atingidas pela lama e estamos reivindicando nossos direitos e acesso à terra e água para continuar mantendo nossa cultura viva. Queremos justiça!” 

Entre as demandas, a população atingida cobra por participação do processo de repactuação, pois até hoje, desde 2015, as decisões foram tomadas a portas fechadas e sem possibilidade de escuta das vítimas desse desastre sociotecnológico, que configura o maior da história do Brasil.  
 
Mariana Costa, dirigente estadual do MAB no ES acredita estarmos presenciando um momento único. “Esse é um momento histórico de organização do povo atingido e de denúncias das inúmeras violações de direitos que nós, atingidos e atingidas, estamos sofrendo nesses quase 8 anos, desde o rompimento da barragem de fundão. É o povo atingido em luta por justiça e reparação justa. Já aconteceram atos em Governador Valadares, em Belo Horizonte em MG e agora em Vitória no Espírito Santo, em novembro o palco de luta será a capital do país – Brasília, onde iremos marchar para reforçar as instâncias governamentais e empresas criminosas que só existe Repactuação com a participação do povo”. 

Se não tem participação popular, não é repactuação! 

O povo clama: “Do Rio ao Mar, não vão nos calar!”

 

Foto e textos da equipe de comunicação, Adai no Espírito Santo.