Aconteceu entre os dias 17 e 18 de outubro em São Paulo o primeiro encontro de planejamento, monitoramento e avaliação do projeto “Uso de tecnologias sociais para redução do desmatamento”, uma conquista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que será implementada pela Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (ADAI), com recursos do Fundo Amazônia.

“O projeto é fruto de anos de luta dos atingidos por barragens e será realizado em regiões onde os atingidos convivem com violações de direitos na construção dessas obras, contribuindo para o aumento da qualidade de vida dessas famílias junto à preservação ambiental”, afirmou Rogério Hohn, coordenador geral do Projeto.

Com o projeto, a ADAI e o Movimento se propõem a implementar 240 unidades de produção agroecológica integrada e sustentável (PAIS), contribuindo para a soberania alimentar e a geração de renda de forma ambientalmente sustentável de ribeirinhos e agricultores familiares atingidos por barragens, nos estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Esta metodologia, com hortas em formato circular, com um galinheiro ao centro, possibilita o cultivo de alimentos diversificados e mais saudáveis para consumo e comercialização.

De maneira complementar, as famílias beneficiadas também realizarão o plantio de 24 mil mudas de espécies nativas e frutíferas, contribuindo para o reflorestamento de áreas degradadas nos locais de implementação do projeto.

Outro componente central do projeto é a instalação de sistemas de irrigação com fonte de energia solar para os 240 PAIS. “O MAB propõe o uso de energias alternativas como forma das famílias terem acesso à energia elétrica, baixar o custo de produção, melhorar a qualidade da energia. No plano político, nos contrapomos a esse modelo energético centrado na construção de grandes barragens, com apropriação privada das riquezas e altas tarifas cobradas da população”, explica Hohn.

O encontro tratou do papel do Fundo Amazônia e a sua importância no financiamento de projetos que visam preservar e potencializar a biodiversidade e a vida na região amazônica, assim como conteve oficinas sobre os detalhes do projeto e sua comunicação.

No primeiro dia, a reunião contou com a presença de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsáveis pelo acompanhamento do projeto. O Banco é responsável pela gestão do Fundo, composto por recursos de origem principalmente do governo da Noruega, mas também da Alemanha e da Petrobrás.

Augustinho Chaves, gestor ambiental e técnico de ciências agrárias do projeto na região de Babaçulândia e Filadélfia, no Tocantins, explica que “a importância do projeto é disponibilizar tecnologias socioambientais que permitam o uso sustentável do solo, da água e dos demais recursos naturais existentes na região Amazônica, que por conseqüência tenham a capacidade de diminuir o desmatamento, e o uso do fogo das queimadas”.

Paula Prado, engenheira florestal e técnica do projeto na região de Sinop, no Mato Grosso, disse que a expectativa é “melhorar a qualidade de vida das pessoas, tanto na alimentação saudável, pois a gente sabe os impactos que os agrotóxicos têm causado sobre a saúde das pessoas, quanto para geração de uma renda adequada às necessidades e modo de vidas destas famílias”.