“Reparação é com participação: Mulheres em luta pelo direito de viver com dignidade e direitos em nossos territórios”
O 8 de março é uma data que demarca a luta das mulheres trabalhadoras na história humana. Esse é um momento crucial para refletir sobre as conquistas e desafios enfrentados pelas mulheres na luta por direitos, por equidade e paridade de gênero, justiça social e dignidade de viver.
Desde quando o 08 de março foi marcado como dia internacional de luta para as mulheres? Em 1917, na Rússia mais de 90 mil mulheres operárias saíram em uma greve nas ruas contra o sistema de governo dos Czar que devastava todo o país com fome e guerras. Naquele dia, as mulheres marcharam pedindo “pão e paz”. Pão para combater a fome e paz pela guerra que matava seus filhos e maridos em campo de batalha. Mas só em 1975, o Dia Internacional da Mulher foi definitivamente instituído pela ONU, reconhecendo a greve das operárias russas de 1917.
Para as mulheres atingidas por barragens, o marco de luta dura o ano inteiro. Mas nessa data a busca é para dar visibilidade à luta das mulheres nas relações de trabalhos e nas pautas de etnia, classe e gênero. Atualmente na Bacia do Rio Doce e Litoral Capixaba uma das maiores pautas das mulheres tem sido a luta pelo direito ao acesso à água de qualidade, políticas de saúde e participação concreta no processo de reparação dos danos causados pelo desastre da chegada da lama de metais pesados nos territórios.
A luta das mulheres atingidas é moldada por várias de identidades e experiências de formação e de lutas diárias. Além do machismo, patriarcado e racismo enraizados na sociedade brasileira, as mulheres atingidas enfrentam mais obstáculos por estarem em territórios de conflitos da agro-hidro-mineração. As diversas desigualdades que as mulheres e as atingidas sofrem nos lembram que a luta pela igualdade de gênero não pode ser separada da luta contra todas as formas de discriminação, violência e opressão. É necessário que sejam implementadas políticas públicas capazes de contribuir de fato para o enfrentamento de todas as formas de violência no processo de reparação integral, que dialoga também com as necessidades da juventude e crianças dos territórios.
Nos territórios assessorados pela Adai no Espírito Santo, as mulheres são protagonistas nas lutas do povo. São histórias com desafios, sonhos e muita força.
Neste 8 de março, é importante reafirmar o compromisso que a sociedade brasileira e mundial precisa ter com a luta das mulheres na construção de um mundo mais justo e digno. Aprofundar o poder político das mulheres nos espaços de decisão é assegurar a participação delas nas decisões dos poderes privados e públicos, nas questões sociais, políticas, ambientais, econômicas e culturais, impactando de forma positiva a vida do povo e de toda classe trabalhadora.
Hoje, como em todos os outros dias, é mais uma oportunidade de cobrar das autoridades em esferas municipais, estaduais e nacional que estas pautas sejam efetivadas, para que finalmente as mulheres atingidas ampliem seus espaços e vozes. As mulheres são como as águas, se fortalecem quando se juntam. Por isso, convocamos toda população atingida, a dar as mãos por um processo de reparação mais justa para esta parte da população, que ainda tem muito a conquistar.
Como diz o lema de luta das mulheres atingidas por barragem, reafirmamos: “Mulheres, água e energia, não são mercadorias!”