A Assessoria Técnica dos Atingidos e Atingidas da Adai vem, por meio da presente nota, prestar solidariedade e apoio ao quilombola Antônio Sapezeiro e ao povo quilombola da comunidade Nova Vista, pertencente ao território do Sapê do Norte, que historicamente luta por seu direito à vida, à permanência no território e à terra. 

Antônio compõe e coordena um grupo de 80 famílias que está em retomada quilombola em Nova Vista, no município de São Mateus, no norte do Espírito Santo. Na última noite, dia 28 de novembro, ele foi agredido covardemente e levado para a prisão pela Polícia Militar, que vem atuando no local com truculência, conjuntamente à empresa Suzano. 

Causa-nos revolta, dor e tristeza os acontecimentos sobre os povos e comunidades tradicionais atingidos pela barragem de Fundão no estado do Espírito Santo. O povo quilombola do Sapê do Norte é vítima de uma sucessão de violações de direitos e luta contra o projeto colonialista que invade seus territórios há décadas para produção de eucalipto, álcool, petróleo, sal-gema, entre outros projetos. 

Mais uma vez ao povo quilombola é negado o direito à retomada de terras e, ao mesmo tempo, o Estado se torna conivente com ações de violência e opressão para sufocar e acuar uma luta histórica e justa. A postura da empresa Suzano e do Estado, por meio da polícia, aprofunda a vulnerabilidade dessas comunidades e demonstra o racismo incrustrado nas instituições públicas e privadas. 

A Adai, entidade responsável pelo assessoramento técnico com e para o povo atingido pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015 nos territórios capixabas, manifesta apoio à essa luta histórica, bem como denuncia a ação truculenta da polícia na comunidade quilombola de Nova Vista, que culminou na prisão ilegal de liderança comunitária local. Trata-se de caso que exemplifica o racismo institucional e ambiental no Estado do Espírito Santo e em nosso país, que deve ser combatido por todas e todos nós.