ADAI realiza projeto com Petrobrás
20 de abril de 2017
Em diversas regiões do país, experiências agroecológicas são multiplicadas e compartilhadas.
Através do projeto “Capacitando Jovens para Melhorar a Vida de Famílias Atingidas por Barragens”, centenas de famílias têm suas realidades alteradas.
O projeto, desenvolvido pela ADAI (Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual), através do patrocínio da Petrobrás, tem gerado novas perspectivas, sobretudo para os jovens camponeses, estimulando-os a permanecer no campo e trabalhar com novas tecnologias voltadas para a produção agroecológica.
São diversas atividades desenvolvidas, desde a construção de unidades demonstrativas, como os chamados PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), Placas Solares, reuniões nas comunidades, grupos de estudos sobre temas relacionados à agroecologia e a produção sustentável, além de visitas técnicas e de diagnósticos, com trocas de experiências e técnicas produtivas.
Calcula-se que mais de 900 pessoas já participaram das atividades do projeto em todo o Brasil. Desde a sua implantação, foram realizadas mais de 200 reuniões em comunidades, envolvendo 767 participantes. Foram mais 200 visitas técnicas, 4 etapas de Reuniões Regionais, contando com pelo menos 70 jovens e adultos. Em abril deste ano, foi realizado o segundo Seminário Nacional, com a participação de cerca de 75 pessoas, dos 7 pólos regionais de referência: Pará, Rondônia, Bahia, Norte de Minas, Zona da Mata-MG, São Paulo e Paraná.
No Oeste da Bahia, o projeto vem contribuindo com o processo de acompanhamento, em doze comunidades nos municípios de Jaborandi, Coribe, Correntina e Cocos, através de reuniões onde se discutem diversos temas, relacionando a produção de alimentos saudáveis, ao uso de energias renováveis, também sobre o processo de comercialização da produção.
Para o agricultor e beneficiário do projeto, Florisvaldo Pereira da Silva, processos como estes são importantes para fortalecer a organização do movimento:
“Essas ações intensificam os processos organizativos, valorizando a permanência no campo, aumentando a diversificação da produção de alimentos saudáveis e a aplicabilidade de técnicas agroecológicas sustentáveis além de melhorar significativamente a qualidade de vida das famílias”, afirma Florisvaldo.
Para Patrícia Rudniski (15 anos), reassentada pela Usina de Itá, na comunidade de Itaíba, Marmeleiro-PR, a implantação de aquecedores solares alternativos trouxe muitos benefícios. “Eu e minha família fomos atingidos pela construção de uma usina hidrelétrica, mas pagamos muito caro pela tarifa de energia, por isso, o uso do aquecedor solar além do conforto no banho e no aquecimento da água para a realização do trabalho doméstico, principalmente no inverno, também contribui para a diminuição dos custos com a energia elétrica, que tem aumentado muito nestes últimos anos”, afirmou a jovem.
Segundo Nívea Diógenes, Monitora de trabalho Técnico e Pedagógico na região do Paraná, as tarifas de energia do Brasil são as mais caras do mundo, mesmo tendo as maiores e melhores reservas de rios e água para geração de eletricidade. “É fundamental a implantação de tecnologias alternativas, como as placas, que ajudam as famílias com uma energia solar de baixo custo melhorando suas condições de vida, além de contribuir no aquecimento da água para a realização do trabalho doméstico”, completou Nívea.
No estado, o projeto tem atuado nas regiões de Chopinzinho, Clevelândia, Honório Serpa, Mangueirinha e Marmeleiro.
Para José Felix da Silva, mais conhecido como “Braquiara” do distrito de Triunfo, Candeias do Jamary, o PAIS mudou sua vida. “O projeto foi muito bom, e continua sendo, assim como lutei para implantar a horta, vou continuar lutando para mantê-la”, afirmou José Felix.
Sobre o futuro comenta: “Apesar da crise os governos devem ter consciência e ajudar os pequenos produtores, os pobres produzem para os ricos comerem, sé não plantarmos o que eles vão comer?”, questionou.
Segundo Océlio Muniz, responsável pelo projeto na região de Rondônia e integrante do corpo de colaboradores da ADAI, as atividades realizadas foram importantes para o desenvolvimento sustentável das comunidades e também para própria relação entre as regiões atingidas.
“O projeto possibilitou estar mais próximo das comunidades, acompanhar a produção e identificar as demandas que vem da própria comunidade. Isso possibilitou uma grande troca de experiência o que resulta em uma melhor organização”, pontuou Océlio.
No estado de São Paulo, o projeto vem atuado na região do Vale do Ribeira, uma área de grande potencial natural, mas que ultimamente vinha sofrendo com experiências de mono cultivo, como explica Ubiratã de Souza Dias, monitor técnico pedagógico da região.
“Antes, o desenvolvimento agrícola da região ficava muito restrito ao mono cultivo de banana e mais recentemente, de palmito pupunha. É necessária uma séria política de assistência técnica e extensão rural, que consiga fazer com que os produtores tenham uma melhor renda e maior volume de produção, mas também que sigam respeitando o meio ambiente e a riqueza natural da região”, apontou Ubiratã.
“É só mexendo com o problema que agente descobre o que tem de fazer. Com a ajuda das visitas técnicas estamos arrumando a nossa associação do bairro e hoje estamos brigando pra conseguir entregar nossa produção para a merenda escolar do município. E se deus quiser vamos conseguir”, completou Carlos França, agricultor participante do projeto, na comunidade de Santa Maria, em Cananeia.