Formação presencial da assessoria dos atingidos e atingidas é marcada por estudos e organização das equipes nos territórios

Entre os dias 27 de fevereiro e 04 de março, aas 142 pessoas que compõem as equipes da Assessoria Técnica Independente (ATI) da da Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (Adai) participaram da formação geral, obtendo informações e estudos acerca dos territórios atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão no Espírito Santo, em novembro de 2015. O encontro presencial deu continuidade às atividades que aconteceram de forma virtual desde o dia 07 de fevereiro.
A ATI foi construída ao longo dos últimos sete anos e atende ao pedido dos atingidos e atingidas dos territórios de Baixo Guandu, Colatina, Marilândia, Regência, Povoação, Linhares e Macrorregião Litoral Norte – São Mateus e Conceição da Barra. A missão é impulsionar a participação ampla e informada nos processos decisórios, com suporte técnico e independente das empresas, visando à reparação integral das perdas e danos sofridos pelas famílias atingidas, primando pela centralidade do sofrimento das vítimas no processo reparatório.
A construção do plano de trabalho da ATI é uma ferramenta interlocutora das demandas dos atingidos e atingidas. “Para a construção do nosso plano de trabalho uma premissa importante aderida pela Adai é de que nós não negociamos direito dos atingidos e atingidas”. Frisou a coordenadora institucional da ADAI, Lidiene Cardoso.
Entendendo que o processo de formação é contínuo e necessário para o desenvolvimento dos trabalhos da Assessoria para e com as pessoas atingidas, durante a formação, facilitadores e facilitadoras foram convidados para apresentar e trazer a reflexão acerca do histórico, dados e informações sobre o atual cenário dos territórios onde a assessoria atuará. “A base do nosso trabalho são as pessoas atingidas e sua luta por direitos”. Pontuou a coordenadora geral do projeto, Marjorie Cavalli Renner.
A defensora pública Mariana Andrade Sobral facilitou o resgate histórico do desastre sociotecnológico na Bacia do Rio Doce e destacou que “ao longo dos anos de assessoria jurídica com os atingidos e atingidas, tive o cuidado de olhar para todos, mas principalmente para as mulheres e crianças. A saúde mental precisa ser um tema prioritário. Acredito que os danos ao Rio Doce e o impacto da dissolução das relações vai atingir principalmente as próximas gerações. Precisamos a
Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras
No dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, 08 de março, as mulheres atingidas farão uma homenagem em memória da companheira, educadora popular, e também atingida Flávia Merçon Leonardo. O ato será realizado a partir das 14 horas, com concentração na Praça Getúlio Vargas no Centro de Vitória. Flávia foi uma das quatro vítimas brutalmente assassinadas nos ataques a duas escolas no município de Aracruz (ES), no dia 25 de novembro de 2022. As atingidas continuam em luta para que outras ‘Flavias` não sejam vítimas do machismo, patriarcado e da desigualdade social.
A Assessoria Técnica Independente estará presente participando da atividade a convite e em apoio às mulheres atingidas.
As mulheres atingidas pelo desastre da barragem do Fundão são motor importante do processo reparatório, e serão assessoradas pela ATI com atenção às particularidades que demandam. A FGV, expert do Ministério Público no processo de responsabilização pelos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, elaborou relatório acerca da situação das mulheres atingidas pelo desastre do Rio Doce a partir dos dados da ouvidoria da Fundação Renova. A FGV pontua a importância de se reconhecer o processo de marginalização de mulheres em processos de reparação, os quais se manifestam de diferentes formas, como “maior dificuldade de participar de processos de tomada de decisão; acesso desigual à auxílios emergenciais e medidas de reparação; aumento da sobrecarga das tarefas domésticas e de cuidado; não reconhecimento das atividades econômicas e de subsistência antes desempenhadas; dificuldade de acesso à saúde; e aumento da violência doméstica e dos conflitos intrafamiliares”. O relatório completo pode ser acessado no site da Fundação Getúlio Vargas https://bibliotecadigital.fgv.br.
A Adai
A ADAI é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1993 com atuação no território nacional, que iniciou seus trabalhos na Região Sul do Brasil, com a missão de representar e garantir a defesa dos direitos dos atingidos por barragens, através da assistência social e da prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) a seus associados que são, em sua maioria, famílias ribeirinhas, ou reassentados. Possui uma equipe técnica composta por diversos profissionais em diferentes áreas das ciências humanas e agrárias nos níveis médio, técnico e superior que buscam promover a educação através da capacitação e estimulando trabalhos que suscitem organização, participação e solidariedade e, ainda promover o desenvolvimento social e econômico combatendo a pobreza através de ações associativas e de cooperação.
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